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Annie Duke revela as semelhanças entre os negócios e o pôquer

Novidades   |   Stephen Archut   |   16 de novembro de 2022

Nem mesmo a tomada de decisões calculadas sempre produz resultados positivos. Sempre existem informações desconhecidas — e geralmente um fator de sorte. Isso explica por que os negócios e o pôquer são tão parecidos e por que a ex-jogadora profissional Annie Duke é especialista quando o assunto é a tomada de decisões. Durante duas décadas, ela foi considerada uma das melhores praticantes de pôquer do mundo. Além disso, escreveu diversos livros didáticos para amantes do jogo e é autora de duas obras que abordam como tomar decisões sem conhecer todos os fatos. Recentemente, Annie conversou com Jawwad Rasheed, diretor sênior do departamento financeiro da Alteryx, para compartilhar ensinamentos e estratégias amadurecidas ao longo dos seus estudos acadêmicos no campo da psicologia cognitiva e com base na sua experiência à mesa de pôquer.

Como empresas podem aproveitar análises para a tomada de decisões quando não possuem todos os fatos

Na prática profissional, uma rodada de pôquer demora cerca de dois minutos, e durante esse tempo, um jogador pode adotar até 20 escolhas, avaliando variáveis mínimas como a frequência em que o adversário desiste ou blefa, ou a probabilidade com que determinadas cartas podem aparecer.

No fundo, cada jogador se esforça para tomar decisões eficazes com informações insuficientes. "Independentemente de ser amador ou de elite, quando o participante decide aumentar a aposta, ele está fazendo um tipo de previsão ou palpite sobre a escala de resultados possíveis, considerando a escolha desse caminho específico", afirma Duke.

"A diferença entre um amador e um profissional é tornar isso explícito. Na verdade, eles dividem a decisão em componentes e depois, refletem da maneira mais objetiva e clara possível sobre os dados que podem contribuir para moldar um oponente específico."

Duke explica que isso também acontece quando se trata de análises e estratégias empresariais. Decisores de negócios podem empregar dados para classificar alternativas de acordo com as variáveis relacionadas, compreender os indicadores baseados nessas propriedades — ou a frequência de ocorrências em situações comuns — e analisar como esses fatores distintos afetam o resultado. Com essas informações, é possível adotar decisões fundamentadas, eliminando vieses cognitivos.

O problema de 'avaliar resultados'

As pessoas tendem a julgar uma decisão com base nos resultados. Normalmente, acreditamos que decisões são boas ou ruins, dependendo do sucesso alcançado, seja qual for os fatores que influenciaram a escolha ou o valor de variáveis desconhecidas.

"Quando é necessário tomar decisões diante de incertezas — ou seja, quando existem diversos aspectos desconhecidos — a sorte pode influenciar o rumo da decisão", enfatiza a escritora. "Quando refletimos sobre a relação entre a eficácia da decisão e a qualidade do resultado, podemos considerar quatro possibilidades. É possível analisar isso em uma tabela de dupla entrada.

"Podemos tomar decisões adequadas e obter bons resultados. Talvez possamos adotar decisões assertivas e alcançar resultados insatisfatórios devido ao fator sorte, mas também podemos adotar decisões menos eficazes e conseguir resultados favoráveis. Tudo depende da sorte de cada um. Além disso, também podemos tomar decisões incorretas e obter resultados negativos." Segundo ela, as quatro situações se aplicam quando os resultados representam problemas.

 Decisão eficaz  Decisão ineficaz
 Sem sorte Sorte  Resultado positivo
 Resultado negativo  Azar  Sem sorte

"Assim, conseguimos perceber onde está o problema. Imagine tomar uma decisão desastrosa que pode atuar contra você, algo parecido com a jogada em que blefei porque tinha certeza de que o adversário iria desistir, e em seguida ele igualou a aposta, mas ganhei a mão mesmo assim. O resultado seria cometer o erro ao dizer: "Ah, eu joguei bem aquela mão, afinal eu ganhei." …

"Fazemos isso o tempo todo, como acontece com um jogador de futebol americano, que tenta marcar dois pontos em vez de chutar um gol de campo. Se ele falhar, podemos considerar o técnico incompetente, e se de fato conseguir dois pontos extras, acreditamos que foi uma jogada de gênio."

Duke explica que o mesmo acontece quando deixamos de atingir objetivos de negócios ou fracassamos em iniciativas estratégicas. "A verdade é que poderia ter sido uma escolha perfeitamente plausível, que apenas teve resultados desfavoráveis, mas não é exatamente assim que refletimos sobre o assunto, e esse é o verdadeiro problema ao avaliar resultados."

Como aproveitar a análise retrospectiva para superar resultados

A avaliação do resultado é um viés difícil de superar, principalmente quando desconhecemos os motivos que levaram a tomar determinadas decisões, com exceção do resultado. Para nossa sorte, Duke revela uma contramedida.

"Uma das melhores maneiras de superar o resultado é através de um processo chamado análise retrospectiva, e há dois métodos de fazer isso", comenta ela. "Um deles é conhecido como retrospecção, onde imaginamos coisas que ocorreram bem, e depois relatamos o que aconteceu ao longo do caminho, quais foram os primeiros sinais indicando aspectos positivos. E o outro, que na verdade é ainda mais útil, é chamado de pré-mortem, onde é possível calcular falhas no processo e, em seguida, refletir sobre o que aconteceu ao longo do percurso.

Onde a execução fracassou? Quais foram os primeiros sinais que apontaram a probabilidade de falhas? O motivo pelo qual pré-mortems são mais eficazes é porque naturalmente somos muito otimistas. Superestimamos as chances de bons resultados. Quando fazemos uma retrospecção, tendemos a reforçar esse viés específico e nos tornarmos ainda mais otimistas ao imaginar resultados de qualidade."

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